quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

 

POEMA O CORNO SERAPIÃO

    Autor: Luiz Alves da Silva

         Mestre Gauchinho

 

Já dizia zé da luz

É crime não saber ler

Falta de estudo já fez

Muita gente padecer

Por inocência ajudar

O outro lhe enganar

Sem ele mesmo saber

 

Foi o que aconteceu

Com um tal de Serapião

Casado com uma mulher

Dessas, corpo violão

Se num velório chegava

Até o morto ficava

Se mexendo no caixão

 

A fazenda muriçoca

Ainda não existia

Foi naquela região

Que Serapião vivia

Mas pelas artes do cão

Certo dia seu patrão

Botou os olhos em Luzia

 

Pensou essa vai ser minha

Pra mim, custe o que custar

Daquele dia em diante

Começou lhe assediar

A mulher dizia, não

Porque se Serapião

Descobre vai nos matar


Mas ele lhe disse:- calma

Para tudo tem um jeito

Eu já tenho na cabeça

Um plano quase perfeito

Ele vai nos ajudar

Para podermos transar

E ficará satisfeito

 

Nós três vamos a cidade

Algumas coisas comprar

Ao chegarem lá em casa

Você finge desmaiar

Eu o mando bem ligeiro

Comprar remédio primeiro

Dá tempo para transar

 

 

Serapião e Luzia

Chamados pelo o patrão

Chegaram na casa grande

Conforme a combinação

Luzia num piripaque

De longe se ouviu o baque

Dela caindo no chão

 

No desmaio de Luzia

Foi aquele desespero

O patrão malicioso

Fez um bilhete ligeiro

E disse a Serapião

Vá com o meu alazão

Que é mais forte e ligeiro

 

Na farmácia em bebedouro

Diga que é ordem minha

Vamos por ela na cama

Lá na minha camarinha

Tirar ela desse chão

Que é uma judiação

Com a pobre coitadinha

 

Serapião nem pensou

Ali naquele momento

Que iria levar gaia

Mesmo sendo ciumento

No cavalo se montou

Na carreira desabou

Mas veloz do que o vento

 

Chegou na farmácia e disse

Como o caso aconteceu

Quando entregou o bilhete

Que o farmacêutico leu

Disse pode se acalmar

Que o remédio eu vou mandar

Como o patrão escreveu

 

Dizia assim o bilhete:-

Se ganhar dinheiro quer

Engane aí esse besta

Todo o tempo que poder

Ninguém tá doente não

Fiz essa tapeação

Para transar com a mulher


Quando eu for a bebedouro

Vou lhe dar grande quantia

Em dinheiro pra pagar

Essa transa desse dia

Quando uma mulher é boa

Não é só pra uma pessoa

É igual a melancia

 

No bilhete o farmacêutico

Nele escreveu outra vez

Está certo o combinado

Entendi seu português

Se não for suficiente

Pode mandar novamente

O corno aqui outra vez

 

Procure aprender a ler

É um conselho que dou

Mesmo não tendo certeza

Se este caso se passou

Mas tem nele uma lição

Só sei que Serapião

Na certa, gaia levou.

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