POEMA
O CORNO SERAPIÃO
Autor: Luiz Alves da Silva
Mestre
Gauchinho
Já
dizia zé da luz
É
crime não saber ler
Falta
de estudo já fez
Muita
gente padecer
Por
inocência ajudar
O
outro lhe enganar
Sem
ele mesmo saber
Foi
o que aconteceu
Com
um tal de Serapião
Casado
com uma mulher
Dessas,
corpo violão
Se
num velório chegava
Até
o morto ficava
Se
mexendo no caixão
A
fazenda muriçoca
Ainda
não existia
Foi
naquela região
Que
Serapião vivia
Mas
pelas artes do cão
Certo
dia seu patrão
Botou
os olhos em Luzia
Pensou
essa vai ser minha
Pra
mim, custe o que custar
Daquele
dia em diante
Começou
lhe assediar
A
mulher dizia, não
Porque
se Serapião
Descobre vai nos matar
Mas
ele lhe disse:- calma
Para
tudo tem um jeito
Eu
já tenho na cabeça
Um
plano quase perfeito
Ele
vai nos ajudar
Para
podermos transar
E
ficará satisfeito
Nós
três vamos a cidade
Algumas
coisas comprar
Ao
chegarem lá em casa
Você
finge desmaiar
Eu
o mando bem ligeiro
Comprar
remédio primeiro
Dá
tempo para transar
Serapião
e Luzia
Chamados
pelo o patrão
Chegaram
na casa grande
Conforme
a combinação
Luzia
num piripaque
De
longe se ouviu o baque
Dela
caindo no chão
No
desmaio de Luzia
Foi
aquele desespero
O
patrão malicioso
Fez
um bilhete ligeiro
E
disse a Serapião
Vá
com o meu alazão
Que
é mais forte e ligeiro
Na
farmácia em bebedouro
Diga
que é ordem minha
Vamos
por ela na cama
Lá
na minha camarinha
Tirar
ela desse chão
Que
é uma judiação
Com
a pobre coitadinha
Serapião
nem pensou
Ali
naquele momento
Que
iria levar gaia
Mesmo
sendo ciumento
No
cavalo se montou
Na
carreira desabou
Mas
veloz do que o vento
Chegou
na farmácia e disse
Como
o caso aconteceu
Quando
entregou o bilhete
Que
o farmacêutico leu
Disse
pode se acalmar
Que
o remédio eu vou mandar
Como
o patrão escreveu
Dizia
assim o bilhete:-
Se ganhar dinheiro quer
Engane aí esse besta
Todo o tempo que poder
Ninguém tá doente não
Fiz essa tapeação
Para transar com a mulher
Quando eu for a
bebedouro
Vou lhe dar grande
quantia
Em dinheiro pra pagar
Essa transa desse dia
Quando uma mulher é boa
Não é só pra uma pessoa
É igual a melancia
No
bilhete o farmacêutico
Nele
escreveu outra vez
Está certo o combinado
Entendi seu português
Se não for suficiente
Pode mandar novamente
O corno aqui outra vez
Procure
aprender a ler
É
um conselho que dou
Mesmo
não tendo certeza
Se
este caso se passou
Mas
tem nele uma lição
Só
sei que Serapião
Na
certa, gaia levou.
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